"O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro." Uma obra cuja leitura devia fazer parte da vida de toda a gente. Uma obra que encaixa duas histórias que caminham para se cruzarem. Duas histórias cada uma com o seu representante, um representante de um Moçambique em dor e à deriva contrastando com um Moçambique novo e forte. O desejo de Muidinga conhecer a sua origem e a sua verdadeira identidade. Esperanças, sonhos e objectivos, em que a concretização dos mesmos só é possível através de uma entrega a um mundo irreal e fantástico, o mundo dos sonhos, impedindo a queda na loucura e na dor. No entanto isso não basta. A Terra será essencial no desencadear dos processos que faltam para que se atinja a totalidade, a paz. "Guerra não foi feita para vos tirar do país mas para tirar o país de dentro de vós, (...). Roubaram-vos tanto que nem sequer os sonhos são vossos, nada de vossa terra vos pertence." Contudo ainda há uma réstia de algo bom dentro do homem, que irá ser recolhida pela Terra durante a noite. Sendo, portanto, a responsável pela paz que é possível de prever no fim deste romance, juntamente com Muidinga a ter conhecimento do seu eu.