Scan barcode
A review by danielrublev
The Varieties of Religious Experience by William James
4.0
Publicado em 1902 este livro é um clássico que interseta Religião, Filosofia da Religião e Psicologia. Resulta da compilação de 20 palestras do autor sobre o tema.
Assumindo a sua falta de experiência pessoal na matéria, Williams James procura, através dos relatos de várias figuras religiosas de renome, fazer sentido deste impulso da natureza humana para a prática da religião.
James não procura apelar à prática desta ou daquela religião ou testar a sua veracidade, mas sim descrever a prática religiosa como ela ocorre numa perspetiva individual e subjetiva; não institucional.
Ao longo de toda a obra o autor vai valorizando a importância da visão e sensação individual sobre a realidade, que coexista com a “intelectualização” e o processo científico, na sua natureza mais abstrata e generalizadora.
Após cerca de 20 horas de leitura sobre a experiência religiosa, uma constatação algo caricata. Sinto que sei mais sobre o autor do que acerca do objeto do seu estudo. Mas não num mau sentido dada a natureza do tema em questão.
O aspeto mais negativo da obra será o da excessiva quantidade de relatos, alguns deles absurdos, que vão sendo citados.
A escolha de “casos extremos” para generalizar a experiência religiosa também é debatível, embora se possa considerar que esta escolha é justificada pelo autor.
No final de contas, sobre a experiência religiosa talvez não fiquemos a saber muito mais do que quando iniciamos a leitura desta obra. De William James é, no mínimo, possível ficar a conhecer a sua mente aberta, tolerante, sofisticada, (auto)conhecedora, paciente e esperançosa.
Numa pequena nota mais sociológica ou histórica, esta era uma época em que os EUA não tinham ainda o domínio científico face à Europa que hoje se verifica. William James escolhe estas palavras para iniciar a sua série de palestras:
“It seems the natural thing for us to listen whilst the Europeans talk. The contrary habit, of talking whilst the Europeans listen, we have not yet acquired”
Estava mais que certo na esperança aí demonstrada e talvez até ficasse surpreendido com o cenário atual!
Numa nota final e mais virada para o período atual, um desejo da autor:
Apesar da crítica feroz a variados aspetos do asceticismo que muitos praticam, William James faz um apelo à elevação do desejo à pobreza, com frases que encaixam que nem uma luva na atualidade:
“When we of so-called better classes are scared as men were never scared in history at material ugliness and hardship; when we put off marriage until our house can be artistic, and quake at the thought of having a child without a bank-account and doomed to manual labour, it is time for thinking men to protest against so unmanly and irreligious a state of opinion.”
“I recommend this matter to your serious pondering, for it is certain that the prevalent fear of poverty among the educated classes is the worst moral disease from which our civilization suffers.”
Os mais corajosos que se aventurem
Assumindo a sua falta de experiência pessoal na matéria, Williams James procura, através dos relatos de várias figuras religiosas de renome, fazer sentido deste impulso da natureza humana para a prática da religião.
James não procura apelar à prática desta ou daquela religião ou testar a sua veracidade, mas sim descrever a prática religiosa como ela ocorre numa perspetiva individual e subjetiva; não institucional.
Ao longo de toda a obra o autor vai valorizando a importância da visão e sensação individual sobre a realidade, que coexista com a “intelectualização” e o processo científico, na sua natureza mais abstrata e generalizadora.
Após cerca de 20 horas de leitura sobre a experiência religiosa, uma constatação algo caricata. Sinto que sei mais sobre o autor do que acerca do objeto do seu estudo. Mas não num mau sentido dada a natureza do tema em questão.
O aspeto mais negativo da obra será o da excessiva quantidade de relatos, alguns deles absurdos, que vão sendo citados.
A escolha de “casos extremos” para generalizar a experiência religiosa também é debatível, embora se possa considerar que esta escolha é justificada pelo autor.
No final de contas, sobre a experiência religiosa talvez não fiquemos a saber muito mais do que quando iniciamos a leitura desta obra. De William James é, no mínimo, possível ficar a conhecer a sua mente aberta, tolerante, sofisticada, (auto)conhecedora, paciente e esperançosa.
Numa pequena nota mais sociológica ou histórica, esta era uma época em que os EUA não tinham ainda o domínio científico face à Europa que hoje se verifica. William James escolhe estas palavras para iniciar a sua série de palestras:
“It seems the natural thing for us to listen whilst the Europeans talk. The contrary habit, of talking whilst the Europeans listen, we have not yet acquired”
Estava mais que certo na esperança aí demonstrada e talvez até ficasse surpreendido com o cenário atual!
Numa nota final e mais virada para o período atual, um desejo da autor:
Apesar da crítica feroz a variados aspetos do asceticismo que muitos praticam, William James faz um apelo à elevação do desejo à pobreza, com frases que encaixam que nem uma luva na atualidade:
“When we of so-called better classes are scared as men were never scared in history at material ugliness and hardship; when we put off marriage until our house can be artistic, and quake at the thought of having a child without a bank-account and doomed to manual labour, it is time for thinking men to protest against so unmanly and irreligious a state of opinion.”
“I recommend this matter to your serious pondering, for it is certain that the prevalent fear of poverty among the educated classes is the worst moral disease from which our civilization suffers.”
Os mais corajosos que se aventurem