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A review by marcio
La ocupación by Annie Ernaux
4.0
Fui eu que deixei W., depois de um relacionamento de seis anos. Por exaustão, mas também porque não me via capaz de trocar minha liberdade, recuperada após dezoito anos de casamento, por uma vida a dois que ele tanto desejava desde o início. Alguns meses depois, W. me disse que iria morar com uma mulher cujo nome ele não quis me dizer. A partir desse momento, fui vítima de ciúmes. A imagem e a existência da outra mulher tornaram-se uma obsessão, como se tivessem penetrado dentro de mim. Essa é a ocupação que descrevo aqui.
Como é corrente na obra de Annie Ernaux, ela faz de sua vida pessoal a matéria crua de sua obra, escrevendo e descrevendo aquilo que muitos de nós preferimos esconder, mas que são traços essencialmente humanos, como é o caso do ciúme aqui retratado. Não só o ciúme, mas também a obsessão que lhe toma conta, num contraponto com Uma paixão simples, onde o ciúme praticamente não se faz, mas sim a necessidade de estar com o seu amante, e de viver plenamente aquilo que tem direito.
Em La ocupación, a obsessão é por descobrir quem é a mulher com quem W. passa a viver. Torna-se seu martírio, procurando por onde passa, em cada rosto feminino entre mulheres que podem ter seus 40 e tais anos, aquela que lhe causa os ciúmes de estar com o homem, que por livre vontade deixou, mas que pensa em reconquistar.
Ernaux vive toda a intensidade de seus sentimentos, mesmo que a esgotem por completo, mas é o meio por meio do qual aprende cada vez mais sobre si, matéria de sua literatura. Ou como Hélène Cixous e Elena Ferrante apontam: há necessidade e urgência de que as mulheres tomem posse de seus corpos no fazer literário, ultrapassando os limites que lhes são impostos e afirmando sua presença no texto. Annie o faz continuamente!
Como é corrente na obra de Annie Ernaux, ela faz de sua vida pessoal a matéria crua de sua obra, escrevendo e descrevendo aquilo que muitos de nós preferimos esconder, mas que são traços essencialmente humanos, como é o caso do ciúme aqui retratado. Não só o ciúme, mas também a obsessão que lhe toma conta, num contraponto com Uma paixão simples, onde o ciúme praticamente não se faz, mas sim a necessidade de estar com o seu amante, e de viver plenamente aquilo que tem direito.
Em La ocupación, a obsessão é por descobrir quem é a mulher com quem W. passa a viver. Torna-se seu martírio, procurando por onde passa, em cada rosto feminino entre mulheres que podem ter seus 40 e tais anos, aquela que lhe causa os ciúmes de estar com o homem, que por livre vontade deixou, mas que pensa em reconquistar.
Ernaux vive toda a intensidade de seus sentimentos, mesmo que a esgotem por completo, mas é o meio por meio do qual aprende cada vez mais sobre si, matéria de sua literatura. Ou como Hélène Cixous e Elena Ferrante apontam: há necessidade e urgência de que as mulheres tomem posse de seus corpos no fazer literário, ultrapassando os limites que lhes são impostos e afirmando sua presença no texto. Annie o faz continuamente!