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A review by celestecorrea
A Mão e a Luva by Machado de Assis
4.0
«A Mão e a Luva» (1874) de Machado de Assis.
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Guiomar, a protagonista, não tem os olhos de ressaca de Capitu de «D. Casmurro», mas aqueles castanhos que sabem juntar o útil ao agradável.
Órfã de mãe e pai vive com a sua madrinha, uma baronesa, que a trata como uma filha. Tem três pretendentes. Um pertence à falange dos tíbios, outro à tribo dos incapazes, o parente da madrinha, duas classes de homens que não tinham com ela nenhuma afinidade electiva, e um terceiro, que, como ela não aceita a obscuridade e a mediania.
Guiomar tem a sagacidade de lidar com as situações adversas, uma tranquilidade simulada e aprendera desde criança a disfarçar as suas contrariedades; sabia manter-se superior às esperanças de uns e às suspeitas de outros. O amor entre madrinha e afilhada é recíproco e verdadeiro, mas Guiomar sabe o que fazer sem contrariar a baronesa.
Obra do período romântico de Machado, não encontrei nela vestígios de um sentimentalismo exacerbado.
O título assenta-lhe como uma luva.
«Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.»
Este livro, uma edição linda, foi-me oferecido por uma amiga do Goodreads. Obrigada, Paula!
Em ressaca literária desde 24 de Dezembro, voltei às leituras com Machado de Assis.
Machado, caríssimo Machado!
Guiomar, a protagonista, não tem os olhos de ressaca de Capitu de «D. Casmurro», mas aqueles castanhos que sabem juntar o útil ao agradável.
Órfã de mãe e pai vive com a sua madrinha, uma baronesa, que a trata como uma filha. Tem três pretendentes. Um pertence à falange dos tíbios, outro à tribo dos incapazes, o parente da madrinha, duas classes de homens que não tinham com ela nenhuma afinidade electiva, e um terceiro, que, como ela não aceita a obscuridade e a mediania.
Guiomar tem a sagacidade de lidar com as situações adversas, uma tranquilidade simulada e aprendera desde criança a disfarçar as suas contrariedades; sabia manter-se superior às esperanças de uns e às suspeitas de outros. O amor entre madrinha e afilhada é recíproco e verdadeiro, mas Guiomar sabe o que fazer sem contrariar a baronesa.
Obra do período romântico de Machado, não encontrei nela vestígios de um sentimentalismo exacerbado.
O título assenta-lhe como uma luva.
«Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.»
Este livro, uma edição linda, foi-me oferecido por uma amiga do Goodreads. Obrigada, Paula!
Em ressaca literária desde 24 de Dezembro, voltei às leituras com Machado de Assis.
Machado, caríssimo Machado!